segunda-feira, 30 de abril de 2012

POUCAS PALAVRAS, GRANDES ASSUNTOS - 07

       Quando meus olhos se prendem em algum lugar não me desespero, logo procuro ver além do físico. Muitas vezes paramos quando ali percebemos uma fagulha de lacunas que ficaram perdidas nos passos de nossos dias. Tudo pode ser aproveitado quando Deus é os olhos pelos quais vemos o nosso existir. Aprendamos a ver e tudo será mais colorido e encantador. A jornada da vida não é para nos deixar angustiados, mas para que saibamos aproveitar o que nos foi dado pelo Criador: o direito de, com Ele, viver.

Pe. Rômulo Azevedo da Silva

segunda-feira, 23 de abril de 2012

POUCAS PALAVRAS, GRANDES ASSUNTOS - 06

       Como somos humanos carregamos todo o belo e as falhas desta realidade. Há dias de luz e dias menos iluminados, momentos que estamos fortes e outros em que sentimos as forças passando. Algumas vezes precisamos parar para reavaliar, sair do campo de batalha para contar novamente o que sobrou e reorganizar. Não é vergonha sentir-se sem forças, vergonha seria nunca ter tentado. Temos, como humanos, direito de acertar, errar e também de nos esgotarmos. Não podemos esquecer que sem forças não podemos ajudar ninguém. É fundamental parar, alimentar-se, especialmente de vida, buscar uma nova motivação e continuar a jornada. Não tenhamos medo dos nossos limites, tenhamos medo da prepotência e do pecado de querermos ser um deus. Cair é humano, refazer as forças é sabedoria. Que Deus nos restaure sempre, Ele é a energia principal, depois d'Ele, tudo o que para você for mais importante e que esteja dentro do respeito do outro.


Pe. Rômulo Azevedo da Silva

sábado, 14 de abril de 2012

SÓ SE CONSEGUE O QUE SE QUER VERDADEIRAMENTE


Somos cristãos, religiosos ou, pelo menos, acreditamos em Deus. O mundo é mais crente do que descrente, independente do credo ou da maneira que cada um busque o Criador. A pergunta que ainda faço é por que ainda estamos tão longe da paz que pensamos construir, ou sonho que um dia alimentou nossas famílias e comunidades. Muitas respostas e muitos motivos surgem em minhas buscas intelectuais. No fim chego a uma só realidade; só podemos ter o que queremos verdadeiramente. Algumas coisas, é evidente, estão na espera do “não podemos ter”, outras estão à disposição de nossa própria construção. Quando vejo o que já construímos fico a imaginar e perguntar-me o que falta. Por que construímos tanto e não conseguimos o que nossos corações gritam e desejam?
          Talvez seja difícil admitirmos, mas nosso egoísmo, relativismo e as acomodações atuais nos atrapalham. Isto é uma verdade que não queremos ouvir. Nos acostumamos às acomodações, privilégios, facilidades e ajudas que o mundo atual nos dá. Tudo proporciona o crescimento de uma certa preguiça, em alguns níveis e para algumas dimensões das nossas vidas, é claro! O assistencialismo nos deixa parados, ficamos esperando que muito caia do céu e perdemos, aos poucos, a garra que nossos pais tiveram para chegar onde hoje estamos. Não estou dizendo que somos fracos, muito menos que não temos capacidade. Mas quero dizer que estamos transferindo para outros o que nós temos que conseguir. Foi sábio quem já disse que o homem só dá valor àquilo que ele mesmo consegue com seu suor. E com tantas facilidades ficamos viciados a receber o peixe, pois nem queremos saber se há uma vara de pescar. Todos estamos um pouco sem entusiasmo e não me excluo da lista. Observo que estamos nesta crise, mas não fomos feitos para esta realidade, nossa essência é outra. Precisamos voltar às nossas origens e assumir, agarrar, construir. E isto nos coloca diante de passos que precisam ser assumidos e de uma caminhada a ser feita. Não é, porém, fácil sair do repouso para uma batalha. Precisamos da fé, de um objetivo.
          É justamente o que vejo faltar um pouco. Nossos objetivos estão muito na esfera do ter e não do ser. Fazemos planos porque precisamos de uma casa, de um veículo, de um diploma, de um empréstimo para pagarmos as contas e entre outros. Tudo isto é válido, não quero ser hipócrita e dizer que estas coisas não são importantes. A materialidade da vida é também obra de Deus e tudo pode ser belo. Porém, se não fortalecermos o nosso ser, a nossa verdade interior, nos perderemos em tudo e com tudo que conseguiremos. Não podemos transferir para os outros o que nós devemos fazer.
          Um dia destes estávamos conversando, um grupo de amigos, e várias perguntas surgem: por que estamos esgotados? Por que estamos com a sensação de que não estamos conseguindo? Por que todo o trabalho que realizamos na Igreja, na escola, na sociedade, parece não nos levar a mudanças e transformações? A resposta não é difícil, nós apenas a complicamos. O problema ou a solução está no querer verdadeiramente. O ser humano só luta com garra por aquilo que ele acredita ser fundamental para a sua vida. Quando uma realidade não faz parte de seus desejos mais profundos, pode até ser algo realmente necessário, mas não terá a mínima importância se não partir do seu querer. Percebemos isto na nossa caminhada de fé, quando atitudes, que deveriam ser prioritárias, são vistas como secundárias. O mesmo detectamos nas nossas famílias e grupos institucionais.
No tocante à Igreja, por exemplo, uma “das provas” que apresento é o trabalho catequético, a evangelização de nossas crianças. Para começar, quando fazemos uma reunião para os pais aparecem umas poucas mães. Parece que a fé, a evangelização da família e dos filhos é unicamente um cumprir a tabela da tradição religiosa do lugar,  ou da sociedade e não uma busca para um real relacionamento com o amor de Deus. A catequese deveria ser da responsabilidade da família em primeiro lugar. Se continuarmos a mandar as nossas crianças para que a Igreja as evangelize, ou para que a escola as eduque, e por aí vai, não conseguiremos bons frutos. Ninguém conseguirá, nem os melhores catequistas e educadores do mundo. Se a presença da fé, da evangelização ou educação, falta na base, que é a família, faltará também no final de todo um trabalho realizado. Estes dias um jovem mostrou-me sua angústia. Estava ele com um diploma em suas mãos, e depois de toda uma faculdade feita me dizia que não o queria, que não aprendeu muito e que seria um profissional frustrado. Perguntei por que tinha feito e respondeu-me que não sabia bem. É triste, mas é verdade! E no que concerne a evangelização, não podemos fazer a primeira eucaristia de crianças ausentes, sem a prática de fé que deveria ser prioridade na família.
 Algumas pessoas ainda dizem que nos falta pedagogias, maneiras de prender as crianças. Ora, é claro que devemos fazer festas, mas não deveríamos precisar nem da metodologia do medo e muito menos da metodologia do “vou lhe dar tudo”. Não concordo com a prática de comprar pessoas, crianças ou adultos com facilidades, chocolates ou promessas enganosas que tirem o direito do ser humano de descobrir, por ele mesmo, que deve buscar porque é bom, não porque é moda ou muito menos porque outros estão dizendo. Se não fizer parte da vida prática da base, os pais ou responsáveis, não fará parte do desejo dos que vierem depois. Há não ser que aconteça um milagre! A família é quem deve ser o incentivo, através do testemunho, para que as crianças desejem o Senhor e a fé. A fé deve ser priorizada. E isto serve para todas as dimensões da vida humana. Só se consegue o que se quer verdadeiramente. Que Deus nos conduza sempre.


Pe. Rômulo Azevedo da Silva

segunda-feira, 2 de abril de 2012

POUCAS PALAVRAS, GRANDES ASSUNTOS - 05

        Quando um coração sofre é porque ainda é humano. Não devemos ser cultuadores da dor, mas também não precisamos ter tanto medo dela. Com fé, e bebendo da grande cura que é o amor, podemos crescer, mesmo se estamos feridos. Força irmãos, em cada lágrima, plantemos no chão uma semente de esperança. Deus nos ama e se nos tornarmos alunos deste mistério chegaremos à plenitude. Dizer não ao amor é dizer não à própria vida.

Pe. Rômulo Azevedo da Silva